quinta-feira, 16 de julho de 2009

Look sad and over, I know.

Os passarinhos emudeceram. As brincadeiras do meu irmão são motivo de irritação. A comida tem gosto de cinzas. Presenças - que não a sua - são uma perturbação dolorosa. Eu passei tanto tempo pensando que alguém me salvaria dessa tristeza. Eu passo tanto tempo pensando que você vai me salvar. Ninguém vai, eu comigo mesma talvez. Mas enquanto eu não acho as respostas que teimam em correr pra longe, seguirei desejando não ser assim, não carregar esse semblante e essa solidão, essa dor sem precedentes, esse gosto amargo na boca que só desaparece quando você aparece e não devia. Eu não devia entregar minha felicidade nas suas mãos, mas não vejo opções. É a adorável química mais uma vez. Meus amigos desaparecem, se omitem. Minha família quer saber o que há de errado comigo. Eu quero me trancar no quarto escuro e por lá ficar, até que algo aconteça. Que algo? Outro dia desses eu resolvi mudar esse quadro e me arrumei, olhei no espelho e me senti tão bonita que isso me deprimiu, deprimiu e eu tratei de me desarrumar rapidamente, coloquei meu pijama e pela cama fiquei. Então é só você dar um sinal de vida e minhas vontades de deixá-la somem. Por quê? Por que você não dá sinal de vida sempre? Cade nossos planos juntos que parecem que agora são só seus? Eu queria subir num palco e fazer todo mundo silenciar. Eu queria subir no dia 22 de julho e matar a platéia quase toda. Eu queria ter capacidade pra não ser risos numa tragédia grega. Público maleducado sim, atriz medíocre? também. Eu tenho minha consciência e noção da minha capacidade. Então na primavera eu só vejo flores mortas. No verão o sol frita minha carne. No outono eu não visito o campo. E no inverno morro de hipotermia. Cem anos de solidão. O García Márquez define minha vida em menos de meia dúzia de palavras. Cem anos de amargura. E eu nem posso jogar a culpa em alguém, nem posso dizer ironicamente "valeu vida". A culpa é minha. E como Kevin Barnes e amigos vêm cantando há mais de doze horas seguidas pra mim, Não adianta desejar que alguém me tire dessa agonia, Porque "My friend will be me". So well, enquanto não me acerto comigo eu durmo, durmo e deixo a comida no prato, durmo e não abraço ninguém, durmo e choro.

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