sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Nervoso.

Poder. Poder. Poder.
A mesma ladainha de que as pessoas só nos enervam quando a gente deixa ou se importa.
Só esquecem de dizer que não é opcional.
E que autoestima baixa não tem só a ver com se olhar no espelho e se achar feia, é todo um conjunto de valores que a gente atribui a si, ou não.
Quando você não se ama ou se respeita qualquer pessoa, por mais aleatória que seja, tem a capacidade de te tirar do sério.
Pessoas aleatórias.
Não acho que ninguém tem mais valor que ninguém, mas todo mundo se importa com pessoas e energias similares, complementares, não eu.
Não precisa ser interessante pra me magoar,
Não precisa ser legal ou gentil,
Não precisa de nada, é só tentar. E eu deixo.
Eu nunca vou atrapalhar os planos de alguém de propósito, mesmo que os planos me destruam bastante. Não vou mesmo.
Não atrapalhei, pelo contrário, fiz de tudo pra que desse certo, tirar a pressão de dois era muito importante, conhecer coisas novas, mas o jeito, a falta completa de consideração, respeito, amizade, feminismo ou qualquer noção de "provavelmente não gostaria que acontecesse comigo", foi muito brutal.
Brutal.
E eu não estava bem, não estou ainda, mas pelo menos estou tentando me recuperar, levantar e achar algum valor nessa cabeçona, tentando de verdade.
Na época tinha desistido, desistido e desabafado sobre desistir, sobre o quanto eu estava em um lugar de muita dor e miséria.
Achei que conseguiria gerar alguma empatia, talvez ganhar uma amiga e o que ganhei foi uma decepção e mágoas tão profundas que não consegui sequer falar com ninguém.
Meses e meses de dor e isolamento e zero perspectivas.
Foi duro, de verdade.
Nenhuma palavra, nada, nenhum gesto que demonstrasse qualquer arrependimento ou consciência do que tinha feito, muito pelo contrário, silêncio.
Silêncio.
Silêncio.
Como se nada tivesse acontecido.
Como se fosse normal ser recebida com amor, carinho e pizza na vida de alguém, depois agir com ampla e total irresponsabilidade.
"Mas ela é tão jovem"
"Não deve ter feito por mal"
"Mas você mesma foi embora, sabia que isso aconteceria"
"A culpa deve ser minha"
Dessa vez não foi, fiquei dentro da mesma caixa de agonia que antes, da mesma estrutura triste, quieta, sem incomodar ninguém.
E esse foi o resultado.
Meses depois, um pedido:
"Deixa minha consciência limpa, eu estou incomodada com o fato de que o que eu te fiz me faça sentir um ser humano pior"
E eu, sempre patética, há dias com medo de ser, de novo, gentil demais com alguém e ignorar todos os meus sentimentos, realmente pensei em dizer alguma coisa que confortasse aquela pessoa que tanto me magoou.
Não dessa vez.
Não é minha responsabilidade.
Arque com a dor na consciência de ter destruído de propósito alguém que só queria seu bem, sua amizade.
Lide com isso dentro de você.
Tenta entender porquê você faria uma coisa assim.
Não é meu papel consolar quem me magoou.
Eu lidei com a minha dor completamente sozinha.
Sua vez.

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